quarta-feira, maio 16, 2007

PORQUÊ?

Porque não és como as outras
dócil e sossegada?
Porque não podes viver
sem estares enamorada?
Porque persegues quimeras
que só te fazem sofrer?
Porque tens o sangue quente
bom repasto para as feras?
Porque não sabes fazer
amigos como toda a gente?
Porque mergulhas em guerras
alheias ao teu querer?
Porque só te sentes viva
quando te estás a perder?
Porquê?

quarta-feira, abril 11, 2007

Equanto uns espalham sorrisos rasgados outros vomitam as vísceras aos retalhos

pedaços estilhaços
esticões desacatos
trancados por dentro
lançados p`ra fora
despidos sugados
por olhos e bocas jamais saciados.
são laços desfeitos refeitos
no interno dos peitos
cosidos pregados
a teias de fumos dourados
e mal afamados.
morrem
nos braços de todas as fomes
carentes ínsanos
perdidos achados
nos mares dos enganos.
perdidos tramados amaldiçoados
por todos os que em casa deixaram
a alma ao abandono.

domingo, março 25, 2007

Sonhos estranhos

ADVERTÊNCIA AO LEITOR:
Certa noite tive um sonho que perturbou a minha manhã. Como recriá-lo na tela sem ferir a
moral e os bons costumes
d@s portugues@s? Não! Vou esquecer-me dessas merdices e digo o que apetecer. Apenas uma intenção: escrever o melhor que souber, pois de resto, através da escrita (acto solitário) tudo pode e deve ser dito.

Uma estrada estreita e rústica, ladeada por uma correnteza de robustas árvores de folha perene cuja copa formava sobre a terra batida um acolhedor semicírculo. Os raios de um sol esplendoroso penetravam por entre os ramos numa frenética dança criadora de energias e desejo.
Eu vestia uma saia rodada, curta, com um estampado de flores silvestres. Sobre a saia uma blusa de seda pura azul-turquesa, com pequeninos e múltiplos botões de pérola, abotoada até ao veio dos seios. Olhei por entre os fios daquele astro vibrante e luminoso e, vendo-me cegar, pressenti que os meus mamilos dilatavam. Toquei-lhes ao de leve com os dedos e senti-me como as raízes das árvores naquela terra subterrânea, quente e húmida.
De súbito senti um forte aroma a pinheiro e baixei os olhos para o lado. Perante mim encontrava-se um belo exemplar da espécie humana que, vindo de nenhures, me olhava sorrindo. Abri a boca de espanto e ele tocou-me na face, não deixando de sorrir. Era um sorriso pleno de empatia, confortante.
Afastando-me um pouco, olhei-o. Ali estava o primeiro homem, e eu a primeira mulher. Os seus lábios carnudos e bem desenhados um par de nádegas perfeitas, os seus olhos verdes um riacho inexplorado ao cimo da montanha, as suas mãos de longos e gentis dedos um mar a descobrir, os ombros um vale, o peito uma planície...
Abalada pela descoberta de sermos únicos, objecto de desejo mútuo, senti-me estremecer.
Ele pegou-me na mão e conduziu-me suavemente pela floresta. Eu, deixava-me guiar. Imobilizado sob um velho pinheiro encontrava-se um descapotável de cor preta, muito brilhante. Chegámos. Disse por fim.
Do interior do carro chegava até nós uma sonata de Chopin. Retirou de uma geleira uma garrafa de Perignon --- ploff! --- e, bebendo um gole, esticou-a na minha direcção propondo-me um brinde: Ao imprevísivel! E eu brindei com ele: Ao que a vida tem de imprvísivel!
Poisou a garrafa na terra e a seguir pegou-me confiante pela cintura e colocou-me sobre o fresco metálico da capota do seu automóvel. Não fora pelo chilrear alegre dos pássaros acompanhando o piano de Maria João Pires, o silêncio seria absoluto. Um silêncio pacífico ao qual as palavras nada acrescentariam.
Olhando dentro dos meus olhos penetrou-me os sentidos e voltei a estremecer, desta vez com violência. Dentro de mim um abalo profundo vinha derreter-se na minha pele, que toda se eriçava. Enfiando-me descaradamente pelos seus olhos adentro senti-lhe a corrente sanguínea a galopar na sua carne branca dando-lhe um tom de puro mel.
A minha saia amplamente rodada abria-se em flor na superfície dura do carro. Ele trazia o peito liso aberto sob um colete de couro fino (tenham paciência mas era mesmo em pele, nada a fazer), com algumas gotas de suor que apetecia lamber. Também do meu peito escorria um fio que passava entre um estreito.
Não tirando os seus olhos de dentro dos meus começou a desabotoar-me a blusa. Uma após outra as lágrimas de pérola foram abrindo caminho aos seus delicados dedos, que me tocavam muito ao de leve, quase como se receassem ferir uma frágil planta. O seu corpo erguido frente ao meu atraía-me como um íman. De repente perceb i que a minha mão se esticava na direcção da sua braguilha e o puxava de encontro a mim. Então senti, entre as minhas pernas latejava um juvenil e viçoso ramo daquele pinheiro.
Dei-lhe um leve empurrão nos ombros, despi-o do colete e apreciei durante um momentos os seus mamilos eriçados. Rolei-os entre dois dedos como se a dar corda a um relógio antigo e, deliciando-me com o resultado, sorri-lhe. No âmago do meu corpo dava-se uma revolução que fazia subterrâneas águas emergirem. Mantendo-o naquela posição fui-lhe abrindo devagar os botões das calças e descobri. Dentro delas, batendo as asas em ânsias de voar, estava um passarinho aprisionado que eu, suavemente, soltei do suplicio.
Mal alcançara a liberdade e já o colibri se transformava num belo cavalo branco de crinas ao vento, louco para se acolher numa escaldante gruta de um fresco bosque.
Num momento um formoso cavaleiro desembainhou a sua espada e, cravando-a lentamente na original bainha, foi subindo e crescendo em simultâneo até que todo o meu ventre se inundou. Quieta, sem um único movimento (só sentindo o sabor, lembram-se?) que não fosse o de engolir o seu falo, enlouqueci.
Pelas minhas pernas bronzeadas escorriam grossas gotas de água, os cabelos molhados, a carne a ferver... O gládio do meu amante latejando dentro de mim finalmente penetrava no templo sagrado onde vive a Deusa do prazer, a que tudo transforma, multiplicando-me.
Homem e mulher ao mesmo tempo, personagens de um mesmo sonho, eu montava um anjo a galope, para vir a explodir em múltiplos sóis numa multidão de peixes-lua. E todo o meu ser se derretia em longas vagas de calor e orgasmos, numa extraordinária aliança.
Despertei alagada em suor. Lucrécia ressonava, ao meu lado, na cama de casal.

domingo, março 18, 2007

AUTO DE FÉ - de Manuela Amaral

Não me arrependo dos amores que tive
dos corpos de mulher por quem passei
a todos fui fiel
a todos eu amei
Não me arrependo dos dias e das noites
em que o meu corpo herói ganhou batalhas
A um palmo do umbigo eu fui primeira
a divina
a deusa
a verdadeira mulher --- a sem rival.
.
Amei tantas mulheres de que nem sei o nome
eu só me lembro apenas
de abraços
de pernas
de beijos
e orgasmos
E no amor que dei
e no Amor que tive
eu fui toda mulher --- fui vertical.

quinta-feira, março 15, 2007

Uma grande família







A minha menina



Queria mostrar a gatinha mas não consegui encontrá-la; fica para a próxima.

quinta-feira, março 08, 2007

Os meus meninos


Os meus meninos


Os meus meninos


sábado, novembro 18, 2006

LUA NEGRA

LUA NEGRA
Associada a Lilith, a primeira mulher junto com Adão, representa o centro luminoso do ser, o intangível e a hiperlucidez dolorosa pela força da intensidade.